domingo, 1 de dezembro de 2013

Cobras sob ataque!

Um dos animais mais temidos na cultura ocidental é a serpente... mas alguns animais não tem nenhum medo, e mesmo sendo menores, até mesmo se alimentam delas!

Logicamente, para que animais menores predem cobras, que, via de regra, são predadoras eficientes, eles precisam de um aparato mais eficiente do que elas! Vejamos o vídeo abaixo:


A tarântula, menor do que a cobra, precisou ser rápida no ataque e seu veneno agiu de maneira rápida, pois se não fosse assim, a cobra poderia atacar, ou mesmo fugir. A primeira via de ação do veneno, para que a cobra não pudesse se livrar da aranha, tem que ser um anestésico potente, capaz de reduzir rapidamente a capacidade de locomoção da cobra. Para tal função, o veneno precisa ter a capacidade de bloquear os impulsos elétricos que comandam o movimento muscular, e isto poderia ser feito tanto na fonte do impulso, ou seja, no sistema nervoso central, quanto nas próprias fibras musculares.
Na maioria dos casos, o receptor de membrana reconhece a molécula sinalizadora (neste caso, o veneno), e se adere à esta. 
Receptor de membrana - no caso desta representação, um receptor de insulina.
Imagem disponível em:
http://www.biomedicinapadrao.com/2011/04/o-receptor-de-insulina.html

Então dá-se início à uma cadeia de reações no interior da célula, podendo resultar em liberação de vesículas, abertura ou fechamento de canais, despolarização entre outros processos. Atuando no sistema nervoso central, o veneno da tarântula se ligaria aos receptores de membrana capazes de reconhecer os neurotransmissores, e assim não haveria a passagem do impulso elétrico de um neurônio para outro. As sinapses estariam comprometidas, disfuncionais, enquanto o veneno estivesse presente. Ou mesmo a ação poderia ser anterior aos receptores de neurotransmissores, atuando no bloqueio da liberação de vesículas portadores dos mesmos. Por outro lado, o veneno poderia atuar ao se ligar aos canais iônicos das fibras musculares, impedindo a despolarização da célula, consequentemente sua contração.
Neurônio associado à uma fibra muscular. Detalhe à direita de vesículas com neurotransmissores sendo liberadas.
Imagem disponível em:
http://crentinho.wordpress.com/2009/11/05/tecido-nervoso-e-sistema-nervoso/
É mais provável que o veneno da tarântula tenha agido no sistema nervoso central, e desta forma a cobra teria vários sistemas musculares prejudicados, como mostrado no vídeo: em segundos ela estava se movimentando sem controle, impossibilitada de fugir. A segunda via de ação do veneno seria a digestiva, onde os tecidos da cobra se deterioraram, até estarem aptos para serem sugados pela aranha.

Este tipo complexo de veneno (neurotóxico e com enzimas digestivas) se mantém na tarântula por ter sido selecionado. É provável que muitas linhagens de aranhas portadoras de venenos menos complexos, incapazes de se ligar à receptores de neurotransmissores ou canais iônicos de fibras musculares, tenham se extinguido, justamente por não conseguir capturar vertebrados, que os caçavam em vez disto. Então, alguma população que possuía a combinação mais eficiente de moléculas (enzimas e que facilmente se ligassem à receptores de membrana e canais iônicos) obteve maior sucesso em se livrar de predadores ou mesmo em capturar maiores presas. Este tipo de veneno, então, teve a frequência aumentada e então se fixou nas gerações consequentes.
  
Tirinha mostra com humor que ferramentas mais eficientes colocam certos seres em vantagem dentro de uma população.
Imagem disponível em:
http://www.fomosplanejados.com.br/capitulos/assuntos/assunto.asp?codcapitulo=36&codassunto=120&numero=2

Mas em outros casos, como o vídeo abaixo, o animal que ataca a serpente não possui um veneno com essas características, e a batalha pela sobrevivência se torna mais acirrada. Apesar da baixa qualidade do vídeo, é possível ver um miriápoda tentando capturar uma cobra, mas a presa não parece muito afetada pelo veneno, e luta contra o predador:
 

Então, podemos supor que o veneno inoculado pelo miriápoda não foi capaz de interferir na transmissão do impulso nervoso, nem afetar o sistema nervoso central da cobra. 

Agora uma curiosidade: o vídeo abaixo não conta com narração, apenas um amador que avistou uma cobra numa estrada e registrou a cena:


Que cena bizarra, hein? O que será que aconteceu com essa cobra? Aparentemente, ela sofreu um colapso após uma convulsão, e internautas supuseram nos comentários do YouTube que ela havia sido picada por algum inseto. Apesar dos efeitos serem diferentes dos mostrados no vídeo da tarântula, é possível que ela realmente tenha sofrido tal ataque!



Saiba mais em:
http://pt.scribd.com/doc/87200044/Neurotransmissores
http://www.youtube.com/watch?v=_9osQIcKw0I


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